
Permanência
2025
Carvão e tinta óleo sobre tela.
90x60cm
Vestida de noiva, uma mulher ocupa o centro da tela. O ambiente que a cerca remete à década de 1970, época em que tradições e expectativas moldavam fortemente os caminhos femininos. Diante dela, um buquê de rosas vermelhas é oferecido por uma mão invisível, pertencente a alguém que está fora do quadro – ou talvez, a alguém que já não está mais presente.
A obra, feita em carvão e tinta a óleo, carrega camadas de tempo e memória. Faz parte da exposição “Fui, Sou, Serei”, que investiga a transmissão transgeracional de costumes, vivências e emoções femininas, ao mesmo tempo em que questiona os hábitos e tradições que, por gerações, limitaram o papel da mulher na sociedade.
Aqui, a noiva retratada é a mãe da artista, que neste ano completa bodas de ouro. Por décadas, recebeu rosas vermelhas no aniversário de casamento, um gesto repetido ano após ano, até que a doença de Alzheimer apagasse essa lembrança de seu marido. As flores que um dia simbolizaram continuidade agora marcam ausência.
Neste quadro, o gesto de ofertar flores persiste, mesmo sem um rosto visível que o realize. Ele se mantém vivo na pintura, na memória da artista, na história que passa de mãe para filha. A obra não apenas presta homenagem a essa mulher, mas também reflete sobre o que é herdado e o que se transforma, sobre os vínculos que ultrapassam o tempo e sobre o que permanece mesmo quando tudo parece se desfazer.
imagens da obra em exposição



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